O objetivo é promover discussões sobre racismo, representatividade, buscar soluções que atendam as demandas dos homens e mulheres negras. Entre os palestrantes está Marcelo Carvalho, dirigente do Observatório Brasileiro contra o Racismo no Esporte, a palestra será hoje, dia 16/11, às 20h na UNC. Para conferir a programação completa acesse o portal do cidadão.
Existem muitas questões que merecem uma análise mais aprofundada com olho vivo na história. Nesse mês o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, através do Museu do Judiciário Catarinense recebeu uma obra valiosa. Ela é de 1873, tem 149 páginas e registra um dos períodos mais tristes, trágicos e ainda mal compreendidos da nossa história: a escravidão. Só que não é um documento sobre o tema, mas um manuscrito da época intitulado “Penhor de Escravos”.
Nas páginas, de forma legível, está o nome dos escravizados (sem o sobrenome), a idade, a cor (alguns são classificados como pardos, outros como pretos) e suas profissões e aptidões. Ao lado, o nome e o sobrenome dos “proprietários”.
A empreitada que levou um manuscrito semidestruído, esquecido entre milhares de outros documentos no arquivo de um cartório, a se tornar um livro totalmente restaurado, acessível a qualquer pessoa, tem a marca de Lucas Paes Koch. Ele é o interino responsável pelo 1º Ofício de Registro de Imóveis da comarca de Itajaí, onde a obra estava guardada. “É uma memória que precisa ser acessada para não ser esquecida”, afirma Lucas, que providenciou ainda a digitalização e a transcrição do livro.
Assim como se registram imóveis nos dias de hoje, naquela época se registravam os escravizados. O livro classificava aqueles indivíduos que seriam libertos pelo fundo de emancipação. Ou seja, configurava um documento necessário na época para que os proprietários fossem ressarcidos pelo Império com a libertação, realizada gradualmente a partir da Lei do Ventre Livre, aprovada dois anos antes. Trata-se de um livro raro por sobreviver à queima dos arquivos da escravidão autorizada pelo então ministro da Fazenda, Ruy Barbosa. A destruição desses documentos ocorreu no Rio de Janeiro no dia 13 de maio de 1891.
Fonte e Imagem: TJSC