Foi debaixo de muita chuva que ocorreu a emocionante despedida das vítimas da tragédia com o avião da Chapecoense. Como que para comprovar a máxima daquele clichê conhecido, os céus choraram a morte dos heróis de Chapecó. Não só os céus, como também todo o público que encheu a Arena Condá desde as primeiras horas da manhã até o minuto final da última despedida. A chuva torrencial não fez torcida se calar, tampouco a a fez desistir de acompanhar o último momento dos protagonistas de um dos mais emocionantes e tristes acontecimentos recentes.
A chuva e as lágrimas se confundiam. Mas o que chamou a atenção de quem passava por Chapecó era o verde que tomava a conta não apenas da Arena, mas de toda a cidade. O preto do luto deu espaço ao verde da esperança de uma dor que foi compartilhada por um país e por um mundo. Nas primeiras horas, enquanto ainda bem tímido, o público cantava incessantemente. Velhos gritos de guerra conhecidos da torcida. Cantos que mostravam, ao mesmo tempo, dor e força.
Com um atraso de duas horas no cronograma, o estádio da Chape, como é carinhosamente chamada, só ficou cheio mesmo por volta das 11 horas, quando, segundo informações, os corpos estariam prestes a chegar. Os aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) chegaram em solos chapecoenses em torno das 10h e depois disso teve início um cortejo por várias ruas de Chapecó, que teve como destino a Arena Condá, palco da emocionante homenagem às vítimas. A previsão era de que mais de 100 mil pessoas passassem dentro e fora da Arena. Dentro, no entanto, segundo estimativas, estiveram 15 mil.
Além dos torcedores, formavam o público que acompanhava o funeral, jornalistas do mundo todo, que, também emocionados, tinha o dever de contar aquela história aos demais. Parentes das vítimas formavam a plateia mais especial de todo o velório. Platéia, aliás, que conto com presenças ilustres, como o técnico da seleção brasileira, Tite, jogadores de vários clubes internacionais, e até do presidente do país, Michel Temer, dúvida até momentos antes do início do cortejo.
Nos discursos emocionados, sempre sob o olhar atento de todos e das palmas de uma Chapecó abalada, a Colômbia foi o grande destaque. Foi o caso do atual presidente da Chapecoense, Ivan Tozzo, que enalteceu o apoio do outro país. Mas também foi o caso ainda mais emblemático do prefeito Luciano Bulligon. Vestindo uma camiseta do Atlético de Medellín, ele não poupou elogios ao esforço inimaginável empregado por todos da Colômbia, em especial às homagens feitas pelo próprio povo do país vizinho.
Com homenagens de crianças e adultos, de fieis apaixonados por um time, mas cima de tudo, humanos na dor da perda, que com um balão na mão simbolizavam a vida e a passagem de cada vítima, o velório teve ainda a presença especial de Cid Moreira, que leu diversas passagens da bíblica. Por fim, ainda, uma simbólica volta olímpica feita pelos próprios pais dos jogadores. Acima de tudo, agradecendo o carinho da torcida.
As consequências da tragédia da terça-feira, dia 29, enquanto os atletas, dirigentes e jornalistas faziam o voo para a grande partida da vida da Chapecoense na Colômbia, não foram explicadas. Como jogar, com quem jogar, quando jogar, isso não teve espaço. Para todos era o momento da despedida e da consagração de uma equipe que nasceu pequena mas com o destino escrito para ser grandiosa. Justamente como os colombianos vinham falando e que o prefeito da cidade fez questão de lembrar: a Chapecoense se tornou lenda e lendas não morrem.
Acompanhe em tempo real a cobertura do velório das vítimas da tragédia com o voo da Chapecoense.