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Agropecuária

Fase ruim: Em menos de 4 meses, preço do suíno pago ao produtor já caiu 70 centavos


Presidente da ACCS atribui momento à pandemia, faz críticas e lamenta custo de produção alto.

Por Luan de Bortoli
19/04/2021 às 06h25 | Atualizada em 19/04/2021 - 07h38
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A situação pela qual atravessa o produtor suinícola em Santa Catarina neste início de 2021 é diferente de um ano atrás. Se no começo de 2020, o setor, mesmo que ainda em situação considerada um pouco complicada, começou a vivenciar uma sequência de altas que duraria vários meses, o início de 2021 tem sido de sucessivas baixas no preço do quilo do suíno vivo pago ao suinocultor. Atualmente, o valor praticado está em R$ 5,70.

Conforme levantamento feito pela reportagem da emissora com base nos dados disponibilizados pela Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), somente neste ano, em menos de quatro meses (entre janeiro até a última sexta-feira, dia 16) a suinocultura viu uma redução de 70 centavos no preço pago ao produtor.

O valor passou de R$ 6,40, praticado até o fim do ano passado, para os atuais R$ 5,70, em cerca de três meses. No ano passado, o aumento ao longo dos doze meses, mas especialmente no segundo semestre, foi de inéditos R$2,20, já que começou 2020 com R$ 4,20. O parâmetro do valor é feito pela Cooper Central Aurora.

Para o presidente da ACCS, Losivânio de Lorenzi, a situação é muito preocupante e está atrelada à situação da pandemia e medidas restritivas adotadas em alguns locais. Além disso, enquanto cai o valor, aumentam os gastos. Hoje, o custo de produção já chega a R$ 8,00, segundo o presidente. Ele ainda reclama que o governo não tira impostos para importar milho sem um gasto a mais ao produtor.

Em entrevista concedida à emissora, Lorenzi comentou ainda que o Estado responde a mais de 50% de toda a exportação do Brasil. Diante disso, as indústrias deveriam, conforme ele, atuar para evitar as quedas, completando que com o dólar em alta, como está ocorrendo atualmente, as empresas estão com melhor remuneração.

“Enquanto que o preço do suíno baixa, os custos de produção vêm aumentando. Por outro lado, a gente vê que no ano passado, Santa Catarina exportou 53% do que o Brasil levou para fora, e faz com que nesse momento as indústrias e cooperativas poderiam segurar um pouco mais a queda para o mercado reagir. Hoje, a situação que estávamos vivendo é relativa aos lockdown que fazem, e o mercado externo está travado”.

Lorenzi ainda critica as agroindústrias e os supermercados. “Vejo que há exploração, ou por parte dos frigoríficos ou por parte dos supermercados. Porque o preço que nós vendíamos, acima de R$ 9 em dezembro, tinha o mesmo preço que tem hoje com a comercialização de R% 5,80 a R$ 6,00 no preço final ao consumidor final. Por que não baixa também na mesma produção que baixa para o produtor, para escoar mais a carne, e fazer que o mercado regule para o produtor ter lucro?”, indaga.

Apesar do mau momento, as expectativas são positivas para os próximos meses. Segundo o presidente da ACCS, há uma tendência de melhora no preço pago ao produtor conforme o ano for avançando, especialmente com o aumento da vacinação e a retomada das demais atividades afetadas pela pandemia da covid-19. A China é ainda um dos grandes clientes.

“Ela tem uma demanda muito forte. Hoje, praticamente 50% do que o Brasil exporta é para o mercado chinês. Acredito que, apesar do momento ruim, nós vamos chegar no fim do ano e vai trazer margem de lucro à nossa atividade. Exportação em alta, e o Brasil acentuando ainda mais a vacinação, nós vamos evoluir muito rápido nessa vacinação em massa. Logo, as coisas voltarão à normalidade de trabalho”.

Apesar de tudo isso, mesmo com um início de ano considerado bastante ruim, até agora os resultados relacionados à exportação se mostram promissores. Até agora, entre janeiro e março, o país exportou mais de 224 mil toneladas de suínos, contra 180 mil toneladas no mesmo período do ano passado.




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