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Análise

LAERCIO GRIGOLLO: "​IN...DEPENDÊNCIA???"



Por Redação
03/09/2022 às 06h32 | Atualizada em 02/09/2022 - 17h01
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​Há exatamente 200 anos concretizava-se o ato de declaração da independência do Brasil, rompendo as relações de subordinação com Portugal. Conforme conta a história, e sempre é bom lembrar para os que não conhecem a história, com todo o respeito ao amigo leitor, pois tem uma geração hoje que não a conhecem mais. Entretanto, esse é outro assunto. Voltando ao tema independência, eu dizia que durante o retorno de uma viagem, Pedro I, pressionado por notícias que chegavam, proclamou a ruptura definitiva entre Brasil e Portugal com a famosa frase “Independência ou Morte”. O grito do Ipiranga, se houve, foi no dia 7 de setembro de 1822, passados duzentos anos. 

Consideremos aqui que, desde sua descoberta oficial em 1500, nossa enorme nação tem 522 anos, ainda nova se comparada a países milenares, porém já com grandes problemas devido a sucessivas gestões públicas muito ruins. A independência foi um processo, uma sucessão de acontecimentos que estão diretamente relacionados com eventos que foram iniciados em 1808, ano em que a família real portuguesa, fugindo das tropas francesas que invadiram Portugal, mudou-se para o Brasil. 

E diferentemente do que muitos acreditam, a independência do Brasil não foi pacífica. Com a declaração da independência, uma série de regiões no Brasil demonstram sua insatisfação e se rebelam contra este processo. Eram  movimentos que eclodiram nas províncias que não aderiram a ela e que se mantiveram leais a Portugal." O surgimento do Brasil como nação independente, estabelecendo uma monarquia nas américas, além das rebeliões internas, custou um endividamento de 2 milhões de libras como indenização aos portugueses.   

Em síntese, o desejo da elite econômica brasileira em acabar com o monopólio comercial português, o conflito de interesse político dos deputados brasileiros que atuavam também nas cortes portuguesas,  indignação do lado dos lusitanos, que não viram com bons olhos a autonomia política que o território brasileiro vinha ganhando e as ideias iluministas a respeito da liberdade do povo que ecoavam no Brasil sustentaram  o processo.  A independência é um acontecimento eminentemente político, diz respeito às disputas e aos interesses de grupos investidos de poder sobre outras pessoas.

Poucas foram as rupturas sociais, mazelas da época,  causadas pelo rompimento da condição de subordinação a Portugal. Grupos marginalizados durante o período colonial, como escravos e indígenas por exemplo, continuaram sem maiores direitos. A própria escravidão se manteve, tendo seu fim legal apenas em 1888.   Na política, diferentemente de outros países do continente americano, que se tornaram repúblicas, o Brasil se manteve monarquista. Uma monarquia  contraditória, pois a independência brasileira foi proclamada por um português e o Brasil continuou sendo comandado por portugueses, ainda que não mais controlados por Portugal. 

Hoje, passados duzentos anos da declaração da independência, será que estamos independentes?  Se o amigo leitor analisar os fatos daqueles tempos e os fatos atuais que margeiam nossa nação e considerando o significado do “In” que é um elemento de negação.... eu diria que estamos num outro longo processo,  que é a In dependência...

LAERCIO GRIGOLLO -  Privacy and Data Protection Níveis Essentials & Foundation  
CONSULTORIA EMPRESARIAL GRIGOLLO CONSULTING




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