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Violência doméstica em Concórdia: quase mil boletins de ocorrência em 2025 preocupam autoridades


Delegada alerta para a gravidade da situação e reforça a importância da prevenção e denúncia.

Por Rafael Martini
04/09/2025 às 10h20
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Concórdia enfrenta um cenário alarmante em relação à violência doméstica e familiar. Um levantamento realizado pela Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) aponta que, entre janeiro e 3 de setembro de 2025, foram registrados 992 boletins de ocorrência relacionados à violência contra a mulher. Além disso, 325 medidas protetivas de urgência foram concedidas nesse período, todas com base na Lei Maria da Penha.

Em entrevista à Rádio Rural, a delegada responsável pela Delegacia da Mulher em Concórdia, Ediana Grenzel Person, destacou que a situação exige atenção imediata e um esforço coletivo de toda a sociedade:

“Os números revelam uma realidade muito preocupante. A violência contra a mulher não é apenas um problema de segurança pública, mas um desafio social que envolve todos nós. Precisamos atuar não apenas na repressão, mas também na prevenção, na orientação e no acolhimento. A denúncia é fundamental para romper o ciclo da violência e garantir a proteção das vítimas”, afirmou a delegada.

Causas e impactos da violência doméstica

Segundo a delegada, os altos índices estão relacionados a fatores socioculturais e estruturais, como desigualdade de gênero, dependência econômica, histórico familiar de violência, abuso de álcool e drogas e falhas na implementação de políticas públicas mais efetivas.

A violência doméstica pode gerar consequências graves para as vítimas, que vão desde lesões físicas e traumas psicológicos até o comprometimento do desenvolvimento pessoal e profissional. Além disso, há reflexos diretos no sistema de saúde, na assistência social, na segurança pública e até na economia.

“Quando uma mulher sofre violência, o impacto não se restringe apenas a ela. Afeta os filhos, a família, o ambiente de trabalho e toda a sociedade. É um problema estrutural que precisa ser enfrentado de forma integrada, com ações educativas, campanhas permanentes e acolhimento humanizado das vítimas”, ressaltou Ediana Grenzel Person.

O papel da DPCAMI e da Lei Maria da Penha

A DPCAMI atua diretamente no registro de ocorrências, encaminhamento de medidas protetivas, orientação às vítimas e investigações dos casos. A delegada destacou ainda a importância da Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que representa um avanço na defesa dos direitos das mulheres:

“A Lei Maria da Penha é uma ferramenta essencial para garantir proteção e justiça. Porém, sozinha, ela não resolve o problema. Precisamos do envolvimento de todos — poder público, entidades sociais, escolas, famílias e comunidade — para prevenir e combater a violência doméstica”, reforçou.

Mobilização social é essencial

De acordo com os dados levantados, Concórdia registra quase mil ocorrências de violência doméstica apenas em 2025, número considerado muito acima do esperado. Para Ediana Grenzel Person, é urgente fortalecer as redes de apoio, incentivar as denúncias e promover um ambiente seguro para mulheres, crianças, adolescentes e idosos.

“É um trabalho que exige união. Quanto mais a sociedade se engajar, mais chances teremos de reduzir esses índices. Não podemos normalizar a violência. Cada denúncia salva uma vida e ajuda a romper ciclos que, muitas vezes, atravessam gerações”, finalizou a delegada.

A Delegacia da Mulher reforça que as vítimas ou testemunhas de violência podem procurar a DPCAMI de Concórdia ou entrar em contato pelos canais de denúncia, como o 190 da Polícia Militar e o 180, central de atendimento à mulher.


Fonte: SERGINHO PRIMAM




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