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Justiça

Tragédia do Balão: Advogado critica resultado do inquérito que não apontou indiciamentos


OUÇA: Dr Marco Alencar afirma confiar na atuação do MP para responsabilizar o piloto.

Por Rafael Martini
10/10/2025 às 10h38 | Atualizada em 10/10/2025 - 11h55
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Durante entrevista concedida ao programa Visão Geral, da Rádio Rural de Concórdia, na manhã desta sexta-feira (10), o advogado Dr. Marco Alencar, representante de uma das famílias das vítimas do acidente de balão ocorrido em Praia Grande, no Sul de Santa Catarina, manifestou profunda indignação com a decisão da Polícia Civil de não indiciar o piloto Elvis de Bem Crescêncio. O desastre, ocorrido em junho deste ano, deixou oito mortos e 13 feridos feridos.

A Associação das Famílias das Vítimas divulgou uma nota de repúdio, classificando a decisão como “uma afronta à memória das vítimas” e um “grave erro de investigação”. O advogado reforçou a posição das famílias e questionou duramente a condução do inquérito.

“A gente recebe essa manifestação da autoridade policial com muito desgosto. Há um processo repleto de irregularidades que levaram à morte de oito pessoas, e, ainda assim, a conclusão foi de não indiciar ninguém. É lamentável, parece uma tentativa de abafar o caso”, afirmou Dr. Marco.

O advogado explicou que o homem apontado como responsável pelo voo não possuía habilitação para pilotar balões, sendo apenas um aerodesportista, e que teria iniciado o passeio em condições climáticas inadequadas.

“Ele levantou voo em um momento de vento forte, precisou inclusive amarrar o balão em uma caminhonete com pessoas penduradas para conseguir estabilizar. Isso mostra o despreparo e a total falta de segurança”, relatou.

Ainda segundo o advogado, durante o voo, houve falhas graves de procedimento e negligência com os equipamentos de gás.

“Quando começou o fogo, ele não se preocupou em desligar o gás, o que teria feito o balão descer. E, pior, foi o primeiro a abandonar o balão, deixando os passageiros à própria sorte. Doze foram ejetados, e oito perderam a vida. Para mim, isso demonstra um claro dolo eventual, com alguém que pouco se importou com a vida humana”, destacou.

Ministério Público deve decidir os próximos passos

Apesar da decepção com o resultado do inquérito, o Dr. Marco afirmou que as famílias mantêm confiança no Ministério Público, responsável pela condução da ação penal.

“Quem comanda a ação penal não é a autoridade policial, é o Ministério Público. A promotora Renata, de Santa Rosa do Sul, está analisando o caso e certamente vai observar as provas. Acreditamos que ainda haverá novas diligências ou uma denúncia contra o senhor Elvis de Bem Crescêncio”, declarou.

O advogado encerrou reforçando o compromisso das famílias em buscar justiça e garantir que casos como este não se repitam.

“Vamos acreditar na Justiça. O balonismo é seguro quando conduzido de forma responsável. O que aconteceu foi fruto da imprudência humana. As famílias merecem uma resposta justa”, concluiu.

A Polícia Civil concluiu o inquérito sem apontar indiciamentos, mas o Ministério Público poderá apresentar denúncia formal nos próximos dias, caso entenda que há elementos suficientes para responsabilização criminal. A Rádio Rural seguirá acompanhando os desdobramentos do caso.


Confira o áudio:





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